FBCA discute utilização do fumacê durante plenária virtual

O Fórum Baiano de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos, Transgênicos e Pela Agroecologia (FBCA) realizou, na sexta-feira (17), sua quarta Plenária. O evento discutiu os impactos do fumacê no controle de arboviroses e a contribuição direta da atividade na mortandade de abelhas e intoxicação de seres humanos. Também foram apresentados aos participantes os desdobramentos da reunião com a  Secretaria de Agricultura da Bahia (SEAGRI-BA) e a Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB), realizada em 31 de agosto. 

A Plenária aprovou, ainda, uma minuta de lei de referência para regulamentação do uso de agrotóxicos, para servir aos municípios que possam atuar de modo a serem protetivos com o ambiente e com a saúde. Para a coordenadora do FBCA, a Promotora de Justiça Luciana Khoury: “A  Plenária do Fórum foi muito positiva, com participação importante dos seus membros e com temas de muita relevância”, destacou. 

Representando a Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Bahia, o médico veterinário Marcelo Medrado falou sobre a utilização do fumacê e o praguicida (dosagem recomendada, informações de proteção à saúde dos trabalhadores, entre outros). Ele ressaltou que qualquer atividade de pulverização deve seguir a orientação do estado, ainda que seja feita por uma empresa privada: “Caso ocorra de forma incorreta, em horário impróprio, e/ou a substância tenha acesso ao solo, vai contaminar o ambiente, e desencadear outros problemas de saúde pública, uma vez que o objetivo é a absorção do inseto”, explicou. Já o médico e professor Ademário Spinola apresentou as preocupações com os efeitos para a saúde das pessoas e também para os animais e outros insetos que acabam sendo atingidos com a prática do fumacê.

Para a bióloga e professora Genna Sousa, o fumacê não é eficiente e, em um prazo curto de tempo, os insetos voltam a atacar. Segundo a mesma,  o produto que está sendo usado é altamente prejudicial para as abelhas. A pesquisadora apontou alternativas sustentáveis, como o uso de produtos naturais para a preservação e fortalecimento da saúde ambiental e humana. “Desenvolvemos um repelente natural com própolis verde e óleo essencial de citronela, basicamente. É uma pesquisa que estamos desenvolvendo e ainda é preciso patentear para ser aceito na comunidade científica. Mas, ficamos dez dias no meio da Floresta Amazônica e não tivemos uma picada de inseto!”, celebrou.

PL prevê redução e regulamentação do uso de agrotóxicos por municípios na Bahia

Levado para a pauta da 4ª Plenária, o Projeto de Lei Municipal Regulação Terrestre de Agrotóxicos foi construído com a participação de diversos sujeitos e instâncias, em especial as Comissões de Regulação, de Meio Ambiente e Saúde e de Soberania Alimentar e Agroecologia do Fórum Nacional.

“O Fórum tem o papel de controle socioambiental, quando aprovado, este PL vai colaborar na redução e controle do uso de agrotóxicos e na diminuição dos impactos e danos advindos no território baiano, como uma prioridade para ser implementada, estimulando os municípios a adotarem medidas de controle em seus territórios”, concluiu Luciana Khoury.

Texto: Vitória Viana
Edição e revisão: Nilma Gonçalves