Entidades promovem evento para chamar atenção aos males do uso dos agrotóxicos no dia mundial de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos

Seminário aconteceu em Barreiras, durante a 45ª etapa da FPI.

Por Nilma Gonçalves
Jornalista DRT/BA 2450

A Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) e o Fórum de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos (FBCA) promoveram o ‘Seminário do Dia Mundial de Combate aos Agrotóxicos’, na terça-feira (03/12), na Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), em Barreiras.  Durante o evento, especialistas alertaram: não existe uso seguro destes produtos. 

Entre os participantes estiveram a promotora de Justiça e Meio Ambiente e coordenadora do Fórum Baiano de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos e da FPI, Luciana Khoury, que convocou a sociedade a uma importante reflexão: “Que este dia de luta contra os agrotóxicos sirva para uma grande tomada de consciência por parte da população, no que diz respeito aos riscos que estes venenos têm causado para a saúde e para o meio ambiente em todo o mundo, mas, sobretudo na bacia do nosso rio São Francisco”, destacou. 

Outro alerta feito foi que o Brasil é o país que mais consome agrotóxicos, e vem ampliando sua utilização, até mesmo daqueles venenos considerados cancerígenos. Segundo afirmou Valda Aroucha, professora da Universidade Estadual da Bahia (Uneb) e diretora da ONG Agendha, os desafios para mudar o panorama atual são grandes, mas existe uma esperança: “O Brasil ocupa o oitavo lugar em agricultura familiar em todo o mundo. Então, a agroecologia é o caminho possível para uma vida e um meio ambiente saudáveis”, garantiu. Para Eládio Dourado,  fiscal da Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB), “as promoções de ações orgânicas devem ser estimuladas não porque são alternativas, mas porque são a única forma de resistência”. 

A palestra da farmacêutica Sanitarista, especialista em Vigilância em Saúde Ambiental, Emily Karle Conceição, discorreu sobre quais os impactos dos venenos na saúde da população. Ela chamou atenção para os riscos a saúde dos trabalhadores do campo no uso dos agrotóxicos, bem como dos que transportam e comem os alimentos e das comunidades tradicionais que vivem no entorno das propriedades.  Já a professora da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), Flávia Barbosa, mostrou como realizar produção agroecológica. O professor da UFOB, Valney Rigonato, coordenou a mesa.

Veneno interditado

A 45ª FPI foi realizada no Oeste da Bahia, em 13 municípios (Barreiras, Angical, Baianópolis, Catolândia, Cotegipe, Cristópolis, Formosa do Rio Preto, Luís Eduardo Magalhães, Mansidão, Riachão das Neves, Santa Rita de Cássia, São Desidério e Wanderley).  A equipe de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos fiscalizou cerca de 25 estabelecimentos de venda, armazenamento, logística e distribuição de agrotóxicos. Alguns deles receberam notificações e multas da ordem de um total de R$ 70 mil, por estarem com produtos vencidos e/ou mal acondicionados. Quase 5 mil litros de veneno foram interditados. 

A FPI é coordenada pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA), através do Núcleo de Defesa da Bacia do São Francisco (NUSF), pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) e pela Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec-BA), em conjunto com outros órgãos parceiros. O objetivo é combater as ações de degradação do Velho Chico e seus afluentes, e minimizar os impactos para a população que depende do rio.  

Além do MP-BA, do CBHSF e da Defesa Civial, os órgãos parceiros desta edição da força-tarefa foram: Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público do Trabalho (MPT), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (CREA-BA), Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), Polícia Civil da Bahia, Polícia Militar da Bahia, Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Federal, Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB-BA), Diretoria de Vigilância Sanitária e Saúde Ambiental (Divisa), Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab-BA), Secretaria da Fazenda da Bahia (Sefaz-BA), Secretaria da Agricultura da Bahia (Seagri-BA), Secretaria de Promoção da Igualdade (Sepromi-BA), Superintendência Regional do Trabalho (SRTE-BA), Superintendência do Patrimônio da União na Bahia (SPU-BA), Conselho Regional de Medicina Veterinária da Bahia (CRMV-BA), Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Ministério da Saúde, Ordem dos Advogados da Bahia (OAB-BA),  Fundação José Silveira, Agência Peixe Vivo, Agendha e Animallia. Também deram suporte às ações as secretarias de Meio Ambiente dos municípios de Barreiras, Formosa do Rio Preto e Luís Eduardo Magalhães.