Fórum Baiano de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos adere à mobilização nacional contra os agrotóxicos, que teve início nesta terça-feira e vai até julho

Representantes do FBCA participaram de encontro virtual realizado no Youtube; a ideia é chamar atenção para o PL do Veneno


Na manhã desta terça-feira (15), representantes do Fórum Baiano de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos, Transgênicos e pela Agroecologia (FBCA) participaram do encontro virtual realizado pela Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos. O evento é parte da mobilização nacional organizada por frentes parlamentares e movimentos sociais, que tem como objetivo dialogar amplamente com a população brasileira sobre os impactos dos agrotóxicos para a saúde humana e o meio ambiente. A discussão ainda gira em torno do Projeto de Lei 6299/02, também conhecido como ‘PL do Veneno’, cuja votação está prevista em regime de urgência. Até 06 de julho, sempre às terças, será realizada uma série de debates virtuais abertos e transmitidos no YouTube. 
Este primeiro encontro contou com as participações virtuais dos integrantes do FBCA, Cláudio Mascarenhas, Cleber Folgado e Luciana Khoury, coordenadora geral do Fórum. Para ela, é preciso que a sociedade se informe e se manifeste contrária ao PL do Veneno. “A população deve buscar conhecer os retrocessos que esse projeto de lei propõe, com a flexibilização ainda maior da entrada de produtos perigosos no país, sem controle dos impactos na saúde e no meio ambiente”, alertou, O deputado Camilo Capiberibe fez côro: “Uma campanha de mobilização nacional que traga a sociedade civil é fundamental para que nós consigamos barrar o PL do Veneno e colocar em debate a política nacional de redução de agrotóxicos”.

Perseguida por combater agrotóxicos
Um dos nomes mais esperados do evento, a professora Larissa Bombardi discutiu o uso de agrotóxicos no cenário nacional e internacional. Pesquisadora do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), Bombardi decidiu deixar o Brasil após receber ameaças e ataques ao seu trabalho, sobretudo depois da publicação de seu atlas ‘Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia’, em 2019.
Para ela, aprovar o PL do Veneno, entre tantos outros retrocessos, “seria também aprovar o infanticídio”. “Nós estamos submetendo as crianças ao desenvolvimento de doenças crônicas”, enfatizou. “Nos últimos 10 anos, mais de 56 mil pessoas foram intoxicadas com o agrotóxicos, o que dá uma média de uma pessoa morta a cada dois dias. Mais de 500 bebês foram intoxicados nesse período, e se formos considerar que para cada caso notificado ao Ministério da Saúde, 50 casos não foram, é possível que nós tenhamos tido 27 mil bebês intoxicados nesse período com o uso de agrotóxicos. Isso me permite dizer que aprovar o PL significa dar carta branca para o infanticídio”. A professora trouxe, ainda, considerações sobre a segurança alimentar, abordando o desequilíbrio das relações comerciais do agronegócio entre os blocos do Mercosul, que tem a exportação de agrotóxicos pelo mundo como a principal problemática.
O evento contou com depoimentos de diversos parlamentares, como os deputados Marcelino Galo, Pedro Uczai, Erika Kokay, Rodrigo Agostinho, Frei Anastácio Ribeiro, Joênia Wapichana e João Carlos Siqueira. “A gente vive em um ambiente contaminado por agrotóxico, e é muito difícil comprovar a origem de cada situação, mas as consequências para a saúde são assustadoras. Estamos vivendo em um momento de muito retrocesso”, sinalizou Rodrigo Agostinho.

Confira o evento na íntegra! https://www.youtube.com/watch?v=T3X3HZM8gDw&t=2989s

Texto: Alan Nogueira Edição: Nilma Gonçalves